quarta-feira, 25 de agosto de 2010

DANÇAS MILENARES E SEUS DEUSES - PARTE I

5000 a.C. – Egito

Nessa época, as danças no Egito tinham um caráter sagrado e eram executadas em homenagem aos deuses. Os mais homenageados eram a deusa Hathor, da dança e da música, e o deus Bés, que é considerado o inventor da dança; a ambos era atribuído um poder sobre a fertilidade.


Hathor é representada por uma vaca que, segundo a lenda, possuía o sol entre os chifres.

Bés, por um dançarino anão, coberto com pele de leopardo para se proteger de feitiçarias, que dava cambalhotas desajeitadas e fazia caretas para assustar os espíritos malfeitores.

Bes é um deus muito interessante, pois diferente de todos os outros deuses egípcios, Bes é o único que ficava com a face pra frente, pois todos os outros deuses ficavam de perfil, Bes as vezes é representado com a língua de fora e segurando um chocalho, ele também tinha algumas caracteristicas felinas como suas orelhas de gato.

O culto a Osíris, deus da luz, a quem era atribuído o ensinamento da agricultura aos homens, acontecia todos os anos, na época de cheia do rio Nilo. O ritmo das cheias e vazantes do rio Nilo comandava os trabalhos de semeadura e colheita, que eram celebrados com danças na primavera.

Muitas outras danças, sempre relacionadas aos deuses egípcios, eram executadas. Por isso são chamadas de danças divinas ou sagradas.


Para o deus Amon acontecia a procissão da “barca sagrada”, na qual bailarinos acrobatas apresentavam suas proezas.
As danças apresentadas por ocasião das festas religiosas e dos funerais também eram consideradas sagradas. Nos funerais havia os “mouou”, personagens que surgiam muito de repente e vinham ao encontro do enterro, dançando em duplas. Os egípcios acreditavam que as movimentações desses dançarinos asseguravam ao morto a ascensão a uma nova vida.

Existiam também as danças profanas, que aconteciam por ocasião dos banquetes em honra aos vivos ou aos mortos, e também para entregar recompensas a funcionários ou por ocasião de elevação de cargo.



Referências: História da dança
Rosana van Langendonck

terça-feira, 17 de agosto de 2010

A Mulher esqueleto

Estou passando por uma fase difícil... Meu amor, companheiro, amigo e amante está partindo para um mundo totalmente novo, ele estará entre belos castelos esquecidos e uma cultura desconhecida... Que o relógio e o tempo virem meus amigos, porque ficar longe dele vai ser cansativo, depressivo e triste! Te amo meu amor... Mesmo tendo alguns conflitos, discórdia, eu sinto que nosso vínculo é mais forte, fazendo com que ultrapassemos invernos rigorosos, primaveras abundantes e longas caminhadas, sempre. O nosso amor não significa um flerte ou uma procura de mero prazer para o ego, mas um vínculo visível composto da força psíquica da resistência, uma união que prevalece na fartura ou na austeridade, que passa pelos dias e noites mais simples e mais complicadas. Compartilhamos sonhos futuros bem como tristezas passadas, um curando o outro...

Esse conto é dedicado ao meu amor, tão verdadeiro e delicado que me arrepia a alma toda vez que eu o leio.


A Mulher esqueleto

Ela havia feito alguma coisa que seu pai não aprovava, embora ninguém mais se lembrasse do que havia sido. Seu pai, no entanto, a havia arrastado até os penhascos, atirando-a ao mar. Lá, os peixes devoraram sua carne e arrancaram seus olhos. Enquanto jazia no fundo do mar, seu esqueleto rolou muitas vezes com as correntes. Um dia um pescador veio pescar. Bem, na verdade, em outros tempos muitos costumavam vir a essa baía pescar. Esse pescador, porém, estava afastado da sua colônia e não sabia que os pescadores da região não trabalhavam ali sob a alegação de que a enseada era mal-assombrada. O anzol do pescador foi descendo pela água abaixo e se prendeu — logo em quê! — nos ossos das costelas da Mulher- esqueleto. O pescador pensou: "Oba, agora peguei um grande de verdade! Agora peguei um mesmo!" Na sua imaginação, ele já via quantas pessoas esse peixe enorme iria alimentar, quanto tempo sua carne duraria, quanto tempo ele se veria livre da obrigação de pescar. E enquanto ele lutava com esse enorme peso na ponta do anzol, o mar se encapelou com uma espuma agitada, e o caiaque empinava e sacudia porque aquela que estava lá embaixo lutava para se soltar. E quanto mais ela lutava, tanto mais ela se enredava na linha. Não importa o que fizesse, ela estava sendo inexoravelmente arrastada para a superfície, puxada pelos ossos das próprias costelas. O pescador havia se voltado para recolher a rede e, por isso, não viu a cabeça calva surgir acima das ondas; não viu os pequenos corais que brilhavam nas órbitas do crânio; não viu os crustáceos nos velhos dentes de marfim. Quando ele se voltou com a rede nas mãos, o esqueleto inteiro, no estado em que estava já havia chegado à superfície e caía suspenso da extremidade do caiaque pelos dentes incisivos.

— Agh! — gritou o homem, e seu coração afundou até os joelhos, seus olhos se esconderam apavorados no fundo da cabeça e suas orelhas arderam num vermelho forte.
— Agh! — berrou ele, soltando-a da proa com o remo e começando a remar loucamente na direção da terra. Sem perceber que ela estava emaranhada na sua linha, ele ficou ainda mais assustado, pois ela parecia estar em pé, a persegui-lo o tempo todo até a praia. Não importava de que jeito ele desviasse o caiaque, ela continuava ali atrás. Sua respiração formava nuvens de vapor sobre a água, e seus braços se agitavam como se quisessem agarrá-lo para levá-lo para as profundezas.
— Aaagggggghhhh! — uivava ele, quando o caiaque encalhou na praia. De um salto ele estava fora da embarcação e saía correndo agarrado à vara de pescar. E o cadáver branco da Mulher-esqueleto, ainda preso à linha de pescar, vinha aos solavancos bem atrás dele. Ele correu pelas pedras, e ela o acompanhou. Ele atravessou a tundra gelada, e ela não se distanciou. Ele passou por cima da carne que havia deixado a secar, rachando-a em pedaços com as passadas dos seus mukluks. O tempo todo ela continuou atrás dele, na verdade até pegou um pedaço do peixe congelado enquanto era arrastada. E logo começou a comer, porque há muito, muito tempo não se saciava. Finalmente, o homem chegou ao seu iglu, enfiou-se direto no túnel e, de quatro, engatinhou de qualquer jeito para dentro. Ofegante e soluçante, ele ficou ali deitado no escuro, com o coração parecendo um tambor, um tambor enorme. Afinal, estava seguro, ah, tão seguro, é, seguro, graças aos deuses, Raven, é, graças a Raven, é, e também à todo-generosa Sedna, em segurança, afinal. Imaginem quando ele acendeu sua lamparina de óleo de baleia, ali estava ela — aquilo — jogada num monte no chão de neve, com um calcanhar sobre um ombro, um joelho preso nas costelas, um pé por cima do cotovelo. Mais tarde ele não saberia dizer o que realmente aconteceu. Talvez a luz tivesse suavizado suas feições; talvez fosse o fato de ele ser um homem solitário. Mas sua respiração ganhou um quê de delicadeza, bem devagar ele estendeu as mãos encardidas e, falando baixinho como a mãe fala com o filho, começou a soltá-la da linha de pescar.

— Oh, na, na, na. — Ele primeiro soltou os dedos dos pés, depois os tornozelos.
— Oh, na, na, na. — Trabalhou sem parar noite adentro, até cobri-la de peles para aquecê-la, já que os ossos da Mulher-esqueleto eram iguaizinhos aos de um ser humano. Ele procurou sua pederneira na bainha de couro e usou um pouco do próprio cabelo para acender mais um foguinho. Ficou olhando para ela de vez em quando enquanto passava óleo na preciosa madeira da sua vara de pescar e enrolava novamente sua linha de seda. E ela, no meio das peles, não pronunciava palavra — não tinha coragem — para que o caçador não a levasse lá para fora e a jogasse lá embaixo nas pedras, quebrando totalmente seus ossos. O homem começou a sentir sono, enfiou-se nas peles de dormir e logo estava sonhando. Às vezes, quando os seres humanos dormem, acontece de uma lágrima escapar do olho de quem sonha. Nunca sabemos que tipo de sonho provoca isso, mas sabemos que ou é um sonho de tristeza ou de anseio. E foi isso o que aconteceu com o homem. A Mulher-esqueleto viu o brilho da lágrima à luz do fogo, e de repente ela sentiu uma sede daquelas. Ela se aproximou do homem que dormia, rangendo e retinindo, e pôs a boca junto à lágrima. Aquela única lágrima foi como um rio, que ela bebeu, bebeu e bebeu até saciar sua sede de tantos anos. Enquanto estava deitada ao seu lado, ela estendeu a mão para dentro do homem que dormia e retirou seu coração, aquele tambor forte. Sentou-se e começou a batucar dos dois lados do coração: Bom, Bomm!... Bom, Bomm! Enquanto marcava o ritmo, ela começou a cantar em voz alta.

— Carne, carne, carne! Carne, carne, carne!
— E quanto mais cantava, mais seu corpo se revestia de carne. Ela cantou para ter cabelo, olhos saudáveis e mãos boas e gordas. Ela cantou para ter a divisão entre as pernas e seios compridos o suficiente para se enrolarem e dar calor, e todas as coisas de que as mulheres precisam. Quando estava pronta, ela também cantou para despir o homem que dormia e se enfiou na cama com ele, a pele de um tocando a do outro. Ela devolveu o grande tambor, o coração, ao corpo dele, e foi assim que acordaram abraçados um ao outro, enredados da noite juntos, agora de outro jeito, de um jeito bom e duradouro.

As pessoas que não conseguem se lembrar de como aconteceu sua primeira desgraça dizem que ela e o pescador foram embora e sempre foram bem alimentados pelas criaturas que ela conheceu na sua vida debaixo d'água. As pessoas garantem que é verdade e que é só isso o que sabem.


Repetidas vezes é observado um fenômeno em amantes, independente do sexo. Seria mais ou menos assim: duas pessoas começam uma dança para ver se elas vão querer se amar. De repente, a Mulher-esqueleto é fisgada por acaso. Algo no relacionamento começa a diminuir e cai em entropia. Com freqüência, o doloroso prazer da excitação sexual se abranda, um passa a perceber o lado frágil e ferido do outro, ou ainda um deixa de ver o outro como "material digno de admiração", e é aí que a velha careca e de dentes amarelos vem à tona. Parece tão repulsivo, mas esse é o momento perfeito em que se apresenta uma verdadeira oportunidade de demonstrar coragem e de conhecer o amor. Amar significa ficar com. Significa emergir de um mundo de fantasia para um mundo em que o amor duradouro é possível, cara a cara, ossos a ossos, um amor de devoção. Amar significa ficar quando cada célula nos manda fugir. Quando os parceiros são capazes de suportar a natureza da vida-morte-vida, quando eles conseguem compreendê-la como uma continuidade — como uma noite entre dois dias — e como aquela força geradora de um amor que resiste por toda a vida, eles conseguem encarar a Mulher-esqueleto no relacionamento. Juntos, então, os dois se fortalecem; e os dois são chamados a uma compreensão mais profunda dos dois mundos em que vivem, a do mundo concreto e a do mundo do espírito.


Para amar é preciso não só ser forte, mas também sábio. A força vem do espírito. Quando temos esse tipo de relacionamento, não saímos mais por aí à caça de fantasias, mas nos tornamos conhecedores das mortes necessárias e nascimentos surpreendentes que criam o verdadeiro relacionamento. Quando encaramos a Mulher-esqueleto, aprendemos que a paixão não é alguma coisa que se vai "obter" mas sim, algo gerado em ciclos e distribuído. Dentro de um único relacionamento amoroso existem muitos finais. Mesmo assim, de algum modo e em algum ponto nas delicadas camadas do ser criado quando duas pessoas se amam, existe um coração e um alento. Enquanto um lado do coração se esvazia, o outro se enche.

Boa viagem meu amor...


Texto retirado do livro Mulheres que correm com Lobos - CLARISSA PINKOLA ESTÉS, Ph.D. Cheyenne Wyoming

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

La Loba

Minha nova coreografia: La Loba

LA LOBA

"Todas nós temos anseio pelo que é selvagem. Existem poucos antídotos aceitos por nossa cultura para esse desejo ardente. Ensinaram-nos a ter vergonha desse tipo de aspiração. Deixamos crescer o cabelo e o usamos para esconder nossos sentimentos. No entanto, o espectro da Mulher Selvagem ainda nos espreita de dia e de noite. Não importa onde estejamos, a sombra que corre atrás de nós tem decididamente quatro patas".

CLARISSA PINKOLA ESTÉS, Ph.D. Cheyenne Wyoming

domingo, 1 de agosto de 2010

Como atravessar a vida com a música vibrando dentro de si?

Muitas vezes pensamos que é impossível criar oportunidades para a nossa alma cantar.

Esse pensamento negativo nasce junto com a falta de fé em nossos sonhos. Esquecemos que para termos uma visão ampla e chegarmos aonde queremos, precisamos dar passos miúdos e muitos atos pequeninos, fiéis às nossas intenções para chegarmos ao que almejamos.

E para que sempre sejamos fiéis aos nossos sonhos e objetivos, não devemos nos esquecer de nos sentirmos vivos, e para isso precisamos criar!

"Quando criamos, a nossa mente e o nosso corpo geram o máximo de energia, ganham vitalidade e podem até curar-se."

Com isso, "nossa auto-estima sobe, nossa confiança se robustece, nossa capacidade aumenta, a vida se torna mais fácil e agradável".

Por isso, creio que devemos sempre alimentar a nossa alma com o que ela necessita. Nenhuma pessoa consegue ficar muito tempo sem comer, isso serve também para a nossa alma criativa, que pode morrer sem o alimento adequado. E muitas vezes esse alimento não é dado por falta de amor próprio, eu acredito que existem muitas pessoas com medo de serem felizes. E por que isso?

Porque "temem ficar deslocadas, perder amigos ou assumir responsabilidades. Inúmeras preocupações impedem-nas de procurar aquilo que não dá lucro. Iniciar um processo criativo é tarefa difícil, sem nenhuma garantia de sucesso no sentido clássico da prosperidade financeira ou da produção de obras-primas de arte".

Mas quem disse que as coisas são fáceis? Eu, na minha vida, não tive nada fácil, não mesmo! Tudo precisa de um tempo para amadurecer, e todos nós sabemos que para colher belos frutos, precisamos de paciência e dedicação. E já que sabemos que precisamos de algum tempo para ver os resultados, então porque não nos dedicamos ao que amamos de paixão? Algum retorno teremos, não é certo?

Não esqueçam:
"Sempre existe um público para a nossa arte, seja qual ela for. Descobrir o canal adequado à nossa expressão é ganhar ímpeto criativo, se não nos preocuparmos com o modo com que os outros escolheram para exprimir-se". Isso é fato! Ficar prestando muito atenção nos que os outros fazem, acaba nos fazendo perder muito tempo, e esse tempo é preciso para quem precisa criar para se sentir vivo.

Artista: "Alguém que insiste em expressar seu espírito criativo, revelando a vocação da própria alma por meios de paixões estéticas e tratamento autêntico da vida real. Alguém que não tem medo de partilhar com os semelhantes seu EU verdadeiro".

"Todos temos, no coração, uma chama que arde por alguma coisa. Nossa tarefa no mundo consiste em descobrir e alimentar essa chama".
(Mary Lou Retton - ginasta olímpica)

Bom... Eu decidi que quero essa chama ardendo dentro de mim, por isso estou disposta a caçar e a lutar por tudo o que possa ser o combustível para mantê-la acesa e viva. Você está fazendo isso? Se não está, me diga, você não sente meio vazia (o)? Há quanto tempo você não sente aquele calafrio positivo que te envolve o corpo inteiro?
Beijos à todas(os) que passam por aqui!
:o)



Referência: As nove musas dos tempos modernos (e seu guardião) - Jill Bandosky